domingo, 12 de junho de 2011

Bolo da vovó, #trauma

   Primeira série, ano 2000. Estava eu, na escola, com o uniforme da escola pública que todos invejavam. Meus dentes estavam caindo, e estava com uma vala na boca. Certo dia, a Tia Loira, como vou chamá-la aqui, escreveu no quarto... "bolo da vovó". Isso mesmo, eu não aprendia matemática, português, ou história do Brasil, e sim receitas. (Acho que ela se inspirava na Ana Maria Braga, inclusive os cabelos). Nunca esqueço, era uma quinta-feira de sol ardente, sala quente, sem repelente. E eu fui copiando... 3 ovos, 2 chávenas de açucar... (peraí, o que é chávena?) Uma luz salva, "Fessora, o que é isso aí, chávena?!". A tia Loira, vendo a criação de granja de seus alunos responde: - É xícara! Ok. Continuando... 1/2 de leite. Analisei esse 1/2 por 20 minutos. Pensei, "Ah, deve ser um copo e meio de leite né?!". Se fosse nos dias atuais pensava, "nossa, sou foda!". Anotei dessa maneira e continuei. Cheguei em casa, inventei pra minha mãe, que tinha que fazer o bolo como tarefa e levar no outro dia. Na verdade eu queria apenas comer bolo mesmo porque fiquei na vontade. Minha mãe topou, começou a fazer e veio me questionar... "Mais esse bolo tá muito aguado filho, você anotou certo a quantidade de leite?". Anotei mãe, você que tá fazendo a parada errada! E o bolo ficou horrível, nem comi, ela deu para um andarilho e ele ficou feliz. 
   Na sexta, chegando na sala, deparo com uma batedeira! Tia Loira chega e anuncia que vai fazer o bolo da vovó pra todos. Foi ensinando como se fossemos verdadeiros telespectadores do Mais Você! Quando a massa estava branca, sem o chocolate, um ser faminto que sentava na frente pediu pra tia um pouquinho da massa. Pra quê... ela resolveu dar pra todos um pouquinho daquela massa branca crua! E assim fez. Pegou uma colher de alumínio, e foi de boca em boca. As crianças abriam a boca como se aquilo fosse uma delícia. Mas sabe qual era o problema? Eu, tímido, nojento, era simplismente o último de todos a tomarem aquele gostoso creme. Nunca esqueço, chegando na fila do lado, o menino das babinhas abria sua boca, com dentes amarelados e chupava até a última gota de creminho da colher ficando seus vestígios por lá. Quando chegou a minha vez, fechei os olhos, abri a boca, senti o café da manhã subindo e a colher entrando, e ela com uma cara de tia literalmente! "Gostooooso!". Eca, engoli de uma vez aquela batida e fiquei arrepiado por 10 minutos. Não podia lembrar que a massa queria voltar. 
   Bolo da vovó, jamais!

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