terça-feira, 22 de março de 2011

Os pais,

Os pais sempre matriculam seus filhos em vários tipos de curso quando entram na escola, isso é no geral. Tem uns que são piores. Os filhos, as vezes inocente acabam aceitando... seja aulas de inglês, música, dança, entre vários outros. Eu passei por isso. Não sei se eles enxergam isso de uma forma de ocupar nosso tempo inteiro na semana inteira de preferência, para ficarem livres das pestes, ou se é realmente para o bem. O inglês tenho que admitir que tem uma grande importância no futuro. E já repararam que os filhos mais capetas são aqueles que não fazem nada? Apenas ficam em casa não só enchendo seu saco, mais todos que estão a sua volta? Isso pode ser uma explicação para os problemas atuais da sociedade.
Mais a questão é que eu passei por isso. E hoje vejo que foi triste, tudo tempo perdido. Estudava no período da manhã em uma escola pública, e a tarde não fazia nada. Até que minha mãe resolve me matricular em um conservatório na cidade. Acho que ela pensava lindo em ver o filho dominando um piano, soltando sua arte na música, mas isso sem consultar a coitada vontade de quem ia fazer. De início achei tudo muito bom, diferente. Lembro que começei já na primeira série, e era toda segunda, era dia de internar no conservatório. Entrava as 13 horas, tinha dois horários de musicalização e depois tinha um horário vago, cujo ficava vagando pelo enorme conservatório, sem amigos... só lembro do garoto estranho da pasta do CCAA (quem diria que no futuro iria pra lá)que sofria do mesmo problema que eu, sobra! Logo depois tinha um recreio, aonde eu adquiria meu lanche. Geralmente era um salgado velho e um refrigerante, quando achava as moedas ou perdia, o que sempre acontecia. E era uma lanchonete estranha mesmo, de portas de comércio que abria de vez em quando. E na frente tinha o xerox, onde eu tirava as cópias da partitura das aulas.
Saindo do recreio, vinha o último horário da segunda. Aula de piano. No início foi super legal, mais até eu adquirir o hábito de cortar unha, posição da mão, pé, postura, foi bem chato. Consegui passar por todos esses obstáculos e fui convidado a participar do meu primeiro recital. Minha mãe, claro, ficou super orgulhosa do filho e chamou a família inteira. Isso porque ela não sabia que tinha uns quinhentos meninos pra tocar, e como eu chamo Victor, era um dos últimos a enfrentar a plateia. Até que apareceu alguns familiares pra ouvir eu tocar o piano da UFU por vinte segundos e a música era "meu lanchinho, meu lanchinho, vou comer, vou comer, pra ficar fortinho, pra ficar fortinho, e crescer, e cresver". Fim. Escutei poucos aplausos. O da minha mãe era destaque. O povo estava cansado já daquilo, e hoje, entendo eles.
E assim foi conservatório por quatro anos. O quinto foi o pior de todos. Estava com onze anos e já estava começando a saber mais do mundo. Deu na minha cabeça que queria aprender a tocar violão. Minhas mãe foi no conservatório e conseguiu a vaga para mim, mas, para fazer a aula era obrigatório fazer canto coral na quarta-feira. Tudo bem. Fui na loja, comprei meu violão, e começei minha nova segunda-feira. Musicalização, violão, intervalo e piano. Primeira aula, o pofessor me apresentou o instrumento e mandou eu xerocar umas partituras. Tudo bem, feito. Chegando na próxima semana, começo a tocar o mi. E fiquei um horário... mi mi mi mimi mi mi mi... e assim em todas as notas, até chegar a fomrar com os dedos, juntos em várias notas. Veio a dificuldade. Não conseguia fazer aquilo. E pra mudar de uma pra outra então? Jamais. Começei a estressar e faltar nas aulas do professor cortador de unha nojenta. Matava aula do outro lado, pra que ninguém me visse. Nesses dias, resolvo comprar um picolé de morango e sentar embaixo das árvores... pra quê. Sinto uma água estranha nas costas, e o picolé derretando. Levei as mãos para as costas, senti que era gosmento. Quando voltei a mão pro rumo dos olhos percebo que era cocô de pomba. Que legal. Nunca esqueço também, estava com camiseta laranja. Merda, joguei o picolé fora, e fui direto pro banheiro. Tentei limpar, mais o odor era muito forte. E lá no conservatório tinha um sistema de som, enquanto estava eu, no banheiro literalmente fedido, só escuto... "atenção Victor Hugo... compareça na sala tal", era meu professor de violão me chamando. Merda. Gelei e acabei cagando também. Chamei minha irmã, e ela foi lá pra mim. Ele queria me obrigar a fazer uma prova pra sair da aula dele, mais por fim, nem fiz nada. Eu já tinha saído a muito tempo. Meu pai, ficou revoltado né, comprou violão sem precisar, mas ele conseguiu vender depois. Ainda bem! E as aulas de canto coral na quarta?! Eram chatas também... primeira aula foi muito aquecimento vocal, e uma grande dificuldade pra enontrar o meu diafragma. Até hoje não encontrei. Ela mandava tremer a língua e eu não dava conta, de pegar a caixa de fósforo... (é, era conservatório estadual), e nunca dava conta de acompanhar o ritmo. Cheguei na outra semana, e era meu aniversário. A professora faltou, era aniversário dela também. Nessa época, não pegava ônibus, tinha medo. Ficava séculos esperando meu pai ou o funcionário dele me buscar. E quando arriscava pegar ônibus faltava dinheiro... já passei vários apuros também. E foi nesse dia também que tive minha primeira festa surpresa. Como fui otário, o bolo na minha cara na hora do almoço e nem percebi. E meu pai, por trás da história também, me levou no shopping pra comprar um presente, e pra enrolar também, mas acabei ganhando um cd coletânea do Sandy & Júnior, no Cristo Rei.
As músicas que nós cantávamos também eram excelentes... começava com o animadíssimo "Mangaralingolé, Mangaringolé, zupi, zipi zipi zuuum, Mangarelingolé UM, HEY", e a professora animava demais. Depois começavamos as mais tocantes... "meu limão, meu limoeiro, meu pé de jacarandá...", e claro, a clássica... "Mão de PIlão, carne seca com FEIjão, faRINha amassadinha, aRROZ com camarão. Essa sílabas maiores são as que batíamos a mão, feito um pilão! Era divertido!
Cansei de verdade. Acabou ficando tudo muito chato mesmo. Sem sentido, sem foco pra minha vida. E quando fiz doze anos, não voltei mais lá. Dei minha vaga a quem queria realmente passar por aquilo que no final acabei chamando de tortura. Hoje, nem sinto falta de nada... mas tenho vontade de tocar violão. Mas acho que se falar pro meu pai, ele manda eu para aquele lugar.
Depois dessa temporada onde tinha ocupação, passei a semana inteira estudando nas tardes e brincando na rua de esconder, carimbada, entre outros no final de tarde e as vezes pedalava pelo bairro, o que tornou mais frequente depois. Fiquei uns cinco anos também na natação, com todos os meus vizinhos, era muito legal. Só voltei a fazer cursos extras em 2007. Inglês, mas também fiz por um ano, Começou super bem, mais também entrou uma professora que era estudante de odontologia, e tinha uns dentes péssimos, e ela me odiava, e eu também. Não voltei lá.
Ano passado descobri que era importante falar inglês, e resolvi por conta própria com meu pai pagando, claro, a fazer inglês. E estou gostando até o momento. Apesar de que o meu professor agora é chato também, porque ele me deu aula no fundamental e eu não acreditei quando cheguei na sala e vi pelo vidro que ele ia me dar aula no semestre inteiro... mas respirei e estou lá. Espero que o tempo passa rápido e eu fixo e formo nesse inglês.
Por isso é bom mostrar aos seus filhos, os planos que você tem pra ele, para que não haja frustação de nenhum dos lados. Vai que você coloque sua filha no balé pra te dar um tempo, ela gosta do negócio de te conta depois que vai fazer faculdade de dança? Não se arrependa!

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