terça-feira, 29 de março de 2011

Concreto

Passado sempre encanta! Lembro pouco da pouca idade, mas os concretos me ajudaram a relembrar. Sim, os concretos. Hoje tenho eles como o vilão dessa história. Estão cobrindo todo o cenário. 
Vou começar a me despedir das rápidas subidas nas pedras de mármore quando escutava o barulho do avião que estava chegando mais uma vez na cidade, e ficava na expectativa de ver ele pousar, fazendo seu tradicional caminho. 
Não posso deixar de despedir também das antenas de rádio e tv, que ficava imaginando e muito como aquilo funcionava, de quando começava uma construção e que a cada dia acompanhava uma nova etapa concluída até o colocar das luzes dando o final, ou então dos homens que subiam engraçados os estreitos caminhos para a manutenção e eu ficava tentando ouvir o que eles conversavam... e olha que dava...
Do colorido natal na antena que sempre achei bonita, e no natal ficava mais ainda. Como um prédio sustenta toda aquela armação?! Até hoje me questiono. O brilho dos olhos da minha mãe ao contar da novidade e a emoção para ir até a sacada ver a novidade que a cada ano tinha naquela antena, e ao retornar o olhar para minha mãe, via aquelas luzes brilhando em seus olhos.
Não posso deixar de despedir do medo! Medo da polícia civil, do helicóptero quando ia pousar na garagem, e do trote bem carrasco dos calouros da universidade. 
E claro, do trem, da linda do trem, dos vizinhos, das árvores... venho despedir. 
Só espero não ter que me despedir do pôr do sol. É chato ter que se conformar.
Só posso afirmar que o futuro é concreto. Muito concreto.

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